Três décadas de Secção de fado, vinte e cinco anos de Estudantina e vinte edições de Festuna são “uma marca no mundo das tunas"Horas antes de começar a o espetáculo no Teatro Académico Gil Vicente, já existia muito entusiasmo em relação à vigésima edição do Festuna (Festival Internacional de Tunas de Coimbra). Um antigo membro da Estudantina Universitária de Coimbra, Fernando Pereira, esperava um “espetáculo de arrasar”. Embora fosse a primeira vez que assistia ao festival, mostrava-se otimista em “retomar contactos com amigos e pessoal da Estudantina” que já não via há 25 anos.
O festival tem vindo a crescer de forma positiva e, segundo o Coordenador Geral do XX Festuna, João Cruz, é “uma marca no mundo das tunas”, e é também o festival mais antigo do país. Evoluiu não só em aspetos intrínsecos ao festival, mas, sobretudo, nos aspetos exteriores: a vertente ecológica, que pressupõe a redução de lixo produzido pelo evento através do uso de materiais reutilizáveis e recicláveis e uma futura plantação de árvores; a vertente solidária em parceria com a Associação Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro -, baseia-se na doação de parte dos lucros; e a vertente para os mais pequenos, em colaboração com o Jardim Escola João de Deus, pretende levar o espírito académico e o gosto pela música aos mais novos. “Queremos que isto não seja só um festival de tunas, queremos que tenha outra dimensão”, sublinhou ainda João Cruz.
Festuna relembrou os melhores momentos de 20 anos
O festival teve recinto cheio e animado para receber as diferentes tunas a concurso, com bom humor, típico de estudantes, muitos sketches à mistura e muita música. As sonoridades variaram entre um som típico de Espanha pela Tuna Universitária de Salamanca e pela Tuna de Direito de Madrid, sem faltar, como habitual, o som das guitarras, tanto em temas populares, temas clássicos e até ritmos cubanos, com acompanhamento de percussão e contrabaixo.
A vigésima edição do Festuna foi uma súmula dos melhores momentos de festival, ao longo de duas décadas. Conseguiu trazer em exclusivo vencedores de edições anteriores para celebrar também o “nascimento” da Estudantina da Universidade de Coimbra, que comemora os seus 25 anos, e da Secção de Fados, que realiza três décadas de existência. Todo o evento teve “um balanço extremamente positivo”, nas palavras do Presidente da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Miguel Portugal, exibindo verdadeiros exemplos da “vivacidade da Secção de Fado, uma das mais carismáticas da AAC”. A noite também agradou aos restantes “tunos”. O representante da anTunia (Tuna de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa), Francisco Revez, elogiou o publico de Coimbra como “muito acolhedor, muito carinhoso pela Tuna que está em cima do palco”, tanto agora como há sete anos atrás, “o espírito é sempre o mesmo”.
Organização satisfeita com resultado do festival
Acabadas as actuações das tunas convidadas e da tuna da casa, com a presença de veteranos e antigos membros da Estudantina em palco, chegava a hora da entrega de prémios: Prémio Simpatia para a Tuna Universitária de Salamanca; o de Melhor Pandeireta para a anTunia. Para a Tuna Académica de Lisboa foram os galardões de Melhor Estandarte, de Melhor Desempenho Vocal, o Prémio Fernando Almeida (melhor desempenho instrumental) e ainda o Grande Prémio Festuna. O Prémio de Melhor Solista foi atribuído à Tuna de Direito de Madrid; em terceiro lugar ficou a Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico; e em segundo a Estudantina Universitária de Lisboa.
Depois da gala, houve a sensação de missão cumprida por mais uma edição de sucesso. Na opinião do coordenador, João Cruz, a noite foi “muito stressante, mas no fim valeu a pena e recompensou todo o trabalho feito ao longo destes meses” teve, portanto, um “balanço super positivo”.
Artigo retirado do jornal "A CABRA" - acabra.net
Fotos: Pedro Lucas